TEMÁRIO

EIXOS TEMÁTICOS DO 62º COBEM

Tema Central:
DIRETRIZES CURRICULARES NACIONAIS PARA A FORMAÇÃO MÉDICA:
10 ANOS DE CONSTRUÇÃO!


EIXO I – Perfil do egresso, concepções e paradigmas sobre o ensinar, o aprender, o permanecer e o pertencer.
As Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) representam um avanço significativo na formação de profissionais da área da saúde no nosso país, consolidando o compromisso entre as instituições de ensino e o Sistema Único de Saúde. Entretanto, o perfil do egresso ainda parece distante de ser alcançado em todo seu potencial de transformação social e se faz necessária uma reflexão crítica sobre as concepções e os paradigmas sobre o ensinar, o aprender, o permanecer e o pertencer. Nesse sentido, emergem algumas questões norteadoras para serem abordadas no encontro do COBEM: O que precisamos para garantir de fato a formação humanista, crítica, reflexiva e ética, pautada pela defesa da cidadania e da dignidade humana? Quais os desafios para a formação na área da saúde, o exercício profissional e o trabalho em equipe interprofissional no mundo contemporâneo? Qual o propósito e como participar efetivamente, como educadores, na elaboração de uma futura DCN?

EIXO II – Competências e cenários para a formação médica.
A organização, o planejamento e o desenvolvimento curricular do curso de medicina devem evoluir para atender novas necessidades de formação no mundo contemporâneo, almejando que os futuros profissionais estejam preparados para enfrentar as variadas dimensões e desafios da prática médica. Desde o início do século, na primeira DCN em 2001, a organização orientada por conteúdo foi substituída pelo conceito de educação baseada em competências. As competências necessárias são abrangentes, indo muito além da técnica, e englobam tomadas de decisão clínicas e éticas, comunicação eficaz, trabalho colaborativo em equipe, pensamento crítico voltado para a solução de problemas, adaptação às novas tecnologias em saúde e a cultura de segurança, compromisso com o aprendizado e melhoria contínuos, empatia, autoconhecimento, autocuidado, profissionalismo. Destaca-se a crescente necessidade de promover competências socioemocionais e culturais e o potencial das ações de extensão, como parte constituinte dos currículos, para alcançar esses objetivos. Mais recentemente, o conceito de Atividades Profissionais Confiáveis (sigla EPA em inglês) tem emergido a partir da compreensão de que as competências descrevem as qualidades dos profissionais, mas não traduzem diretamente as práticas e os problemas do cotidiano nos serviços de saúde. Nesse sentido, formulam-se as questões norteadoras: Como as “EPAs” podem expressar e integrar as competências necessárias à formação abrangente do profissional da saúde e a prática clínica diária, contextualizada? Como definir a autonomia do estudante, em cada etapa de formação e em diferentes cenários de prática?

EIXO III – Avaliação e desenvolvimento docente e de preceptoria.
A avaliação deve ser compreendida como um processo amplo e integrado que compreende a avaliação dos estudantes, dos programas e cursos, dos docentes e preceptores, das políticas de apoio e permanência, da infraestrutura, de cenários de prática e dos contextos e demandas da região onde estão inseridas as instituições. A avaliação deve sempre ser formativa e, assim, motivar e orientar ações de aprimoramento individuais, coletivas e sistêmicas, visando o exercício profissional ético e socialmente responsável. Propõe-se a reflexão sobre práticas inovadoras e significativas para a avaliação do processo de ensino-aprendizagem, centradas na relação do aprendiz com a pluralidade de sujeitos que demandam por cuidados e atenção à saúde. O COBEM se configura como oportunidade para compartilhar experiências de desenvolvimento e valorização da docência e da preceptoria no âmbito das instituições de ensino. Podemos questionar a possibilidade de integrar iniciativas de avaliação dos estudantes, dos cursos e das instituições existentes, mas desarticuladas (Enem, Enade, Enare, Sinaes, Teste de Progresso, Avaliação Seriada, Saeme), de forma a promover a excelência da formação na graduação, garantir adequadas condições para oferta e combater a mercantilização do ensino médico no país.

EIXO IV – Residência e pós-graduação.
As Diretrizes Curriculares Nacionais definem o perfil do egresso, as competências a serem desenvolvidas pelos estudantes e os componentes curriculares dos cursos de medicina, entretanto permanece mal definido e regulamentado qual o campo de atuação do egresso e quais as exigências de formação após a graduação. Dessa forma, a reflexão sobre a formação médica deve necessariamente se estender ao período imediato após a graduação, seja na Residência ou outras formas de pós-graduação lato e stricto sensu. Em uma sociedade capitalista e competitiva, a pressão por produtividade tem ultrapassado os limites do bem-estar e afetado a saúde mental dos estudantes e residentes, assim como docentes e preceptores. Buscar estratégias que reduzam o impacto negativo do processo seletivo para a Residência sobre a formação do estudante durante o curso é um desafio urgente, assim como fomentar espaços de diálogo entre os diversos atores envolvidos e orientar mais adequadamente os estudantes em suas escolhas, alinhadas com as necessidades da população.